quarta-feira, 8 de junho de 2016

Hoje. 
Mais um interminável dia para a conta que,
nunca chega ao fim.
Mamãe ligou; uma, duas, três e infinitas vezes.
Acatei ao seu chamado,
conversamos alguns bons seis minutos.
Mentimos.
Estamos sempre bem.
Mamãe ligou novamente.
Quer me ver.
Não acatei ao seu chamado.
Mentimos. 

Hoje.
Mais um daqueles dias extremamente cansados.
Onde me encontro tão exausta que,
não sei bem o que fazer.
Deveria descansar,
mas até isso esqueci como faz.
Só descanso quando descarrego
toda a minha energia em leituras infindáveis,
sejam elas de qual tipo for.
Lembro de uma música:
"Você é o espelho da sua mãe"...
Não lembro de quem é,
isso pouco importa.
Lembrei de quantas vezes briguei com mamãe,
por ela não saber descansar.

Hoje.
Não sei parar.
Talvez, se eu souber,
ou tentar...
morrerei.

Hoje.
.... 

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Este é um poema 
Mas não é poema sobre a vida, amor, alegria 
ou coisa parecida.

Este é um poema
Um poema sobe a morte,
pois a morte anda mancomunada
                                               com o meu presente.

Este é um poema
Sobre a morte do meu pé de arruda 
e do meu pé de pimenta,
                                        logo em seguida.

Este é um poema
Um poema sobre os golpes insólitos da morte,
sobre seus passos surdos e suas retiradas.

Este é um poema
Um poema sobre o gato morto que encontrei
                                            na porta de minha casa.

E também sobre a morte do pai de Risália
Que partiu essa tarde de mãos dadas com a dama,
com sorrisos enlarguecidos,  atravessou a rua
e se foi.

Este é um poema
Um poema sobre a réstia da morte
deitada sobre o corpo do homem amado
que abandonei.

Este é um poema
Este é um poema sobre a morte.

Um poema sobre a morte
e também sobre a minha morte,
que me tem de trago em trago,
 de bituca em bituca
                                esquecidas.

Este é um poema
Um poema,
                                                  um poema sobre a morte.

E a morte só se faz notar quando se vai
deixando sorrisos congelados
nos lábios amedrontados.

Este é um poema.