terça-feira, 16 de agosto de 2016

Hoje,
queria ser um pouco
do que ficou debaixo das tuas unhas
e mais um pouco das gotículas
que ficaram dependuradas em tua grossa barba.

Hoje,
queria ser um pouco de mim
que ficou espalhado em teu lençol,
o cheiro dos travesseiros
e a mancha de hidratante na barra da tua toalha.

Hoje,
queria ser o outro prato em tua mesa
o copo extra no braço do sofá,
a borra de batom nas bitucas de cigarro,
a segunda voz.

Hoje,
queria ser a pontinha da marca
que deixei em teu peito,
o sangue em teus lábios
e a ardência na pele riscada.

Hoje,
queria ser todos os poucos
espalhados de mim, em ti
e no fim da madrugada
materializar-me ao lado direito da tua cama
e sussurrar com os lábios semicerrados:
“dorme bem, baby”.

Amanhã,
queria amanhecer sendo o outro corpo,
ser um dos teus sorrisos
o segundo café
e ocupar um pouco destes espaços.

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