terça-feira, 8 de novembro de 2016

Eu penso demasiadamente e quase nunca quero compartilhar esses pensamentos. Ainda não sei se, por um breve lapso de medo das reações mais adversas do público, ou, por estar enfadada o suficiente dessa sociedade geradora de amarras imbecis. 
Vivemos um momento estranho na história - digo isso do lugar de fala de quem se diz de esquerda, já que agora somos todas obrigadas a nos identificarmos como prisioneiras sem direito a julgamentos ou defesas -, uma onda conservadora e violenta atacou o nosso país sorrateiramente e nós - agora como um todo -, gostamos de aplaudir e transformar nossas misérias em vísceras glamourosas expostas em um cinema de péssima qualidade nomeado de globochanchada, ou até mesmo em piadas internas expostas nas redes da carência e do vazio. Argh! Como e quando nos tornamos tão inúteis? Ainda não consigo identificar - agora como apenas uma individua em sua insignificante casca -, se somos culpadas por essa vergonhosa reação, ou se, no decorrer do processo de redemocratização e emancipação política venderam-se ao american dream de corpo, alma, boceta e cú, que como todo bom vendedor prometeu toda a liberdade e igualdade que uma democracia pode oferecer, tudo parcelado em 12 vezes, à preferência brasileira.
Um bom caçador sempre sabe onde pisar e quando armar uma boa arapuca. Eis um fato: os conservadores não são idiotas, apesar dos seus ideais serem enormes valas de puro excremento suíno. Eles são bons caçadores e nos abocanhou de vez, quem pode se safar correndo para países vizinhos - que não estão lá as mil maravilhas -, se deu muito bem, por enquanto, quem ainda insiste em dar murro em ponta de faca e morrer a cada dia mais um pouco, como eu, persevera esperançosa em uma onda juvenil sedenta por reformas. 
O pessimismo é desencorajador e mau humorado, ele me tem em suas mãos de uma forma incrível, vez ou outra escapo por entre seus dedos e consigo me articular desorganizando espaços e sólidas estruturas, são pequenos movimentos, confesso. Me obrigo a acreditar na teoria dos dez - se você atingir dez pessoas, essas dez vão atingir mais dez e assim por diante -, que vi naquele filme The Edukators, juvenis anarquistas e insanos, uma combinação perfeita para preencher meu vazio de sonhos fugazes.
Viver os sete dias nessa realidade suja, sofrendo com os tiros do governo, da mídia mor do país e da bancada evangélica tem me dado imensas dores estomacais. Assim como tem me sugado de forma terrivelmente assustadora. Por vezes me sinto um inútil mosquito com as asas cobertas de excrementos, em outros momentos me sinto como um forte e robusto búfalo; selvagem e animalesco o suficiente para pisotear todos esses “homens de bem”. 
Hoje sou um mosquito, e peço humildemente desculpas à sociedade, mas eu preciso morrer um dia para devorar os outros seis.

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